Primeiras impressões da Itália

by - maio 21, 2020

Olá minha gente, eu voltei! Desapareci por meses a fio, mas voltei para o meu querido blog para compartilhar um pouco da minha experiência lá fora.
Bom, nesse post eu resolvi comentar um pouco sobre as minhas primeiras impressões ao chegar na Itália e do choque de cultura/realidade que tive.


  • Estações de trem e aeroportos e a educação
(Foto estação de trem em Roma retirada do google)

Como em todo lugar, a gente sempre vai encontrar pessoas que são educadas e nos tratam bem e pessoas que vão nos tratar mal ou quase cuspir, se possível. Mas, a questão da forma como fomos tratados no aeroporto de Roma e na estação de trem central é um patamar novo.
No aeroporto fomos mal respondidos, estavámos meio perdidos sem saber onde conseguir informações sobre onde seria possível comprar chip para nossos telefones, ou onde se conseguia comprar os tickets para pegar os trens.
Praticamente todos que abordamos respondiam muito mal humorados e com metade da informação faltando. Isso sem falar nos cambistas ou pessoas que gerenciam 'vans' para levar até a estação de trem central, eles praticamente nos perseguem e ficam insistindo até não dar mais, e quando finalmente percebem que você não vai aceitar o serviço deles, eles nos xingam de alguma coisa e vão embora, sim, exatamente isso que você leu.
Na estação de trem principal não poderia ser diferente, raras pessoas querem te dar alguma informação, quem trabalha na estação parece ser quem menos quer te ajudar, isso sem falar no quão rude eles conseguem ser. Pedi informações para guardas e pessoas que trabalham na estação para saber onde ficava meu binário (ver meu post sobre como pegar trem lá fora) e, por não falar um italiano muito bom na época, eles me entendiam por cima, faziam cara feia e me responderam super rápido de propósito, sem repetir uma segunda vez. Ah, e inglês não vai te salvar muito lá não, porque eles não gostam ou não sabem falar, e ai vão te ignorar igualmente.
Quando fomos comprar algo nos restaurantes/bares que haviam na estação, era como se eles estivessem fazendo um grande favor em nós irmos comer algo que eles servem, grosserias e falta de respeito com clientes eram algo normal.
Não me levem a mal, claro que sempre vai ter pessoas que vão nos ajudar, ou vão nos tratar bem em qualquer lugar, não podemos generalizar, mas acreditem, nesses locais isso vai ser raridade.

  • A comida é mais saudável e quase não tem açúcar
(Foto de biscoito com aviso de que não possui óleo de palma)
Sim, a comida é mais saudável, me desculpe quem não concorda, mas é um fato inegável. O brasileiro tem comidas maravilhosas, diversidade em quase tudo, e uma quantidade enorme de produtos que lá fora não se encontra, mas, em contrapartida tem uma das maiores taxas de agrotóxicos nos alimentos do mundo todo, tem altos índices de açúcares e derivados nos alimentos, a maioria é transgênico, enfim, a gente sabe que poderia ser muito melhor.
E isso é algo no qual sentimos um grande impacto, alimentos como: sucrilhos, biscoitos com chocolate, chocolate em si, nescau, até o leite condensado, em todos eles você sentia o impacto do baixo índice de açúcar. Chegava a ser estranho comer eles, e sentir a falta daquele gosto super doce na boca. Além da iniciativa de quase todo produto do gênero não possuir óleo de palma e ter inserido na sua embalagem a informação. (Para quem não sabe, o óleo de palma faz mal e é um dos principais causadores de desmatamento na Indonésia, além da consequente morte e diminuição de chimpanzés no mundo, pois a maioria vive em florestas da Indonésia, então, quando forem comer um kit kat ou uma nutella, lembrem disso).

  • Acostumem-se com a falta de salgados em bares/padarias
(Foto de loja de pizzas e salgados em Veneza)
(Fotos de panificadoras italianas)
Os italianos amam comer em bares e coisas que sejam derivadas de panificadoras, no entanto, eles amam que sejam doces, ou se for salgado, que seja algum derivado de tortinha ou pizza. Então, não, você  não vai encontrar muitos salgados em bares a não ser sanduíches, focaccia ou pizzas, ou claro, nos locais onde somente se vende tais salgados, como o da foto acima em Veneza, mas confesso que isso não é algo tão comum assim. E lembrem-se, tudo que é doce, nunca é muito doce lá, mas, aos poucos o seu paladar vai se acostumando com a diferença.

  • O café que você pedir jamais vai ser do tamanho que imagina
(Foto de café retirado do google)
A gente que é brasileiro(a), e que gosta de café (porque tem quem não goste), quando pede um café está acostumado com uma xícara média, ou as vezes, meio grande dependendo do quão viciado em café você é. Mas, isso não é igual na Itália. Para os italianos o café é algo muito bom e que deve ser apreciado, eles adoram, tanto que eles tomam não só de manhã, mas após as refeições também. 
Poréeeeeem, o tamanho da xícara de café deles é, digamos, um mini gole pra gente, como na foto acima. Se você pedir um café, só isso, um café, eles irão te trazer um café como se fosse expresso, uma xícara super pequena onde nem 50% dela foi preenchida. 
O QUE? Sim, pessoas, um café normal é super pequeno na Itália. Não me entendam mal, o café deles é muito bom, realmente, e existem váaarios tipos de café que você pode pedir, tem macchiato, moscatto, expresso, americano (ou canadense, porquê canadenses tem rixa com americanos e jamais pedem 'um café americano'), cappuccino, mocaccino, duplo, longo, corretto (tem licor), al ginseng (meu preferido), descafeinado (geralmente vai ser um normal com um pouco de água, só pra avisar), affogato (esse é com sorvete, para tomar no verão, uma delícia), enfim, é tanto tipo que melhor vocês colocarem no google se tiverem maior curiosidade. No entanto, por eles apreciarem, acreditam que não se deve tomar muito, até porque é concentrado o deles, então, se você quiser um café consideravelmente maior que os outros por lá, o ideal é pedir um longo, duplo, americano, ou o bom e velho cappuccino.

  • Não se pode conhecer lá, sem tomar o sorvete deles e o chocolate quente
(Foto de uma gelateria em Roma)
(Foto do chocolate quente Eraclea vendido somente em bares)
É sério, assim como o café, o chocolate quente e o sorvete deles, são experiências para além deste mundo. Comecemos pelo sorvete, que tem uma textura consistente, extremamente saborosos, chocolate fondente (amargo) bate em mil qualquer outro, inclusive do chocolate belga. Sorvete de pistache? Além de serem saborosos demais, você encontra na versão normal e na versão salgada (parece que está comendo o próprio pistache, vale muito a pena). Enfim, é uma variedade de sabores, todos com uma textura maravilhosa, um sabor muito forte, não tem como, o gelato italiano é famoso e não é por pouca coisa. Mas cuidado, ao tomar o gelato deles você nunca mais vai conseguir tomar um sorvete de buffet no Brasil novamente, porque acreditem, a diferença na qualidade é abismal. 
Outro ponto que me surpreendeu, foram os chocolates quentes que você encontra em bares, são geralmente, da marca Eraclea, e são além de super saborosos e fortes, possuem uma variedade enorme. Desde os fondente, ao leite, ou de chocolate branco, e ai vai esses três com adicionais, de castanhas, pistache, pimenta, menta, morango, blueberry, enfim, uma quantidade muito grande de variações, vale a pena experimentar.
  • Nunca sente em mesas de restaurantes ou bares sem antes pedir
(Foto de mesas ao ar livre em Veneza, antes do horário de abrir)
Assim como o café, a alimentação é algo tratado com muito respeito na Itália, você deve tratar com respeito as suas refeições, não comer de pé, não trocar a ordem dos pratos, não chegar e ir sentando nas mesas de bares/restaurantes sem antes perguntar se há vagas disponíveis.
Claro que em bares, essa regra é bem mais flexibilizada do que em restaurantes, e em cidades grandes eles não irão se importar muito com isso, pois estão visando o lucro.
Mas em geral, é regra de educação e boas maneiras, sempre chegar a um local, perguntar se já estão funcionando, se há vaga e depois se sentar, onde eles te indicarem. Por que disso? Bom, um dos motivos é o respeito às refeições que eles possuem, a hora de comer e a própria comida, é quase uma religião, tanto que em restaurantes eles possuem ordem de alimentos (entrada, primeiro, segundo, sobremesas), e acreditem, alterar essa ordem deixa eles muito irritados. Mas, o outro motivo é que eles possuem o costume de fazer reversa de mesas, seja em restaurante, ou em bares, principalmente em dias de grande movimento (dias de concertos, shows, teatros). Então, você pode acabar chegando a um local e ele já estar totalmente reservado e não ter mais local para você se sentar, e aí, é aquele momento constrangedor onde eles vão te fazer sair da mesa, por isso, melhor evitar que remediar, não?

  • Se você for no mercado, leve suas sacolas ou moedas para comprar
(Foto de sacola retornável retirada do google)
Na Itália, assim como em vários outros países, no intuito de diminuir o alto consumo e produção de sacolas plásticas, se você for ao mercado, terá de pagar por cada sacola plástica que for utilizar. Sim, cada uma, em geral elas custam centavos, mas se você for somando isso, ao longo do tempo não irá ser um bom negócio. É por isso, que é muito fácil você encontrar sacolas recicláveis, ou de algum material forte, por um preço super em conta também (as nossas custaram 25 centavos (em euro) cada e duraram meses). No próprio caixa você consegue encontrar essas sacolas, ou caixas de papelão (que são de graça) para colocar suas compras. É uma boa ação a cobrança de tais taxas por sacolas, assim, incentiva à não utilização das mesmas.

  • Sim, carnes são caras.
(Foto de carnes em açouche na Itália, retirada do google)

Isso é algo que eu já tinha uma certa ideia de que os preços seriam elevados das carnes por lá. Mas realmente, o valor delas é muito diferente do nosso, a carne bovina então, nem se fala no preço dela.
Nós estamos acostumados no Brasil, com essa quantidade de carnes, por preços bons (apesar de terem aumentado muito nos últimos meses), tendo a possibilidade de comer bife de carne bovina seguido, ou até fazer um churrasco com os familiares/amigos. 
No entanto, lá fora isso é artigo de luxo, convertendo o valor do real para o euro, sempre iremos ficar com um mini infarto pra comprar qualquer coisa. Mas mesmo quem ganha em euro, as carnes se tornam caras, é por isso que a alimentação deles em geral não é tão voltada para a carne quanto a nossa, as massas e etc em geral focam mais nos legumes, queijos ou presuntos (que são totalmente diferente dos nossos) do que nas carnes em sí.
Por exemplo, um peito de frango lá, em geral custam de 7 a 9 euros (era o que mais consumíamos pela relação custo/benefício). Um pacote com 300g de bife de carne bovina de 3 a 5 euros, carne moída era um pouco mais em conta, se conseguia umas 500g por volta de 6 euros, e fígado era mais em conta ainda. Enfim, carne é algo caro, a gente se acostumou a comer tão pouco comparado a aqui, que quando chegamos até achamos estranho o tanto de carne que se consumia nas nossas casas.

  • Queijos e presuntos
(Foto de prosciutto crudo retirada do google)

(Foto de queijos expostos em supermercado)

(Foto de queijo brie com nozes)

Não poderia ir finalizando esse post sem mencionar os queridinhos da Itália, os queijos e presuntos! Você vai encontrar uma quantidade muito grande de queijos, e a grande maioria por preços acessíveis, além do presunto, ou melhor, prosciutto, que pode ser o cotto (cozido) ou o crudo (crú). Sim, crú. Eu confesso que relutei muito a comer o crú, mesmo sendo uma adepta do sushi, não conseguia aceitar o fato de um presunto ser crú, mas em tese, ele não é, pois ele nada mais é do que um pedaço grande da perna do porco curada a seco, que ficou sendo envelhecida e temperada, e sim, é uma delícia, eu nem consigo chamar aquilo de presunto, porquê é muito diferente do que comemos aqui. Inclusive eu tentei comprar um no mercado quando voltei e não é a mesma coisa, fora o tanto de sal que tinha..
Claro, também possuem tipos de mortadela e de salame, mas não são tão queridinhos deles quanto o prosciutto, ah sem falar, que o salame é super apimentado, mesmo o sem pimenta, é apimentado, então cuidado quando for pedir um sanduíche/pizza de salame achando que vai ser como os que a gente faz, porque você vai precisar de uma garrafa de água junto (situação verídica passada por mim).
  • Você vai amar ou detestar a pizza deles
(Foto de uma pizza sabor capricciosa)

(Foto de uma pizza que cabia em dois pratos que experimentei)

Sim, a pizza. Tópico delicadíssimo em várias rodas de conversa, ou você ama ou detesta a pizza deles. Por quê? Bom, porque não tem absolutamente nada a ver com a nossa no Brasil. Não que a nossa seja ruim, ou a deles, mas elas são boas de formas diferentes.
O primeiro ponto em que se estranha, é que em uma pizzaria italiana, você não vai pedir várias pizzas para a mesa com seus amigos, ou uma com vários sabores. Não, jamais. Lá você pede uma pizza, POR PESSOA. Isso mesmo, cada pessoa pede a sua pizza, com apenas um sabor. Se você tiver muita fome pode pedir mais de uma por pessoa, não tem problema, mas não para a mesa. 
É apenas um sabor em cada pizza, a massa em geral é super fina, a ponto de mal precisar cortar ela, ou pode ser grossa crocante com buracos de ar (como se fosse aquele chocolate aerado), elas possuem pouco recheio em cima, mas acreditem, vale a pena, o sabor é sensacional, o recheio é pouco mas compensa pela qualidade e sabor. As vezes elas podem ser tão grandes que cabem em dois pratos (como na foto acima). E não, não vão te matar se quiser colocar maionese e ketchup, não irão gostar muito, mas não tem problema se você quiser.
Enfim, a nossa pizza é boa, a deles também é, cada uma do seu jeitinho.

Bom, por hoje é isso pessoal, mais pra frente eu irei contar mais sobre outras coisas que foram diferentes para mim comparando com a nossa experiência no Brasil e sobre a cultura deles. O que tiverem de dúvidas, é só perguntar. Até a próxima.





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